DESENCAMINHO DA IGREJA NO CULTO EXCLUSIVO A DEUS

08/02/2022

Texto: Iara Barros Sales dos Santos

Toda a Bíblia nos move, nos conduz e nos estimula a adorar unicamente a Deus. Logo, no que se refere ao culto a imagens, ao percorrermos a história da igreja, podemos fazer as seguintes perguntas:

  • Como se deu o desencaminho da Igreja neste aspecto?

  • O que a Bíblia diz sobre adoração de imagens e relíquias?


Na história da igreja encontramos Concílios Ecumênicos.

Que é um momento em que todos os bispos se reúnem para resolverem questões da igreja. O primeiro Concílio Ecumênico realizado é o Concílio de Niceia I, realizado em 325 d.C. Já o último Concílio Ecumênico, aprovado tanto pela Igreja Católica quanto pela Igreja Ortodoxa, foi o Concílio de Niceia II, ocorrido no ano 787 d.C.

Na Bíblia, mais precisamente em Atos 15.6-29, temos acesso a uma reunião em Jerusalém com as principais lideranças cristãs da época, que podemos chamar de "Concílio de Jerusalém", que tinha o objetivo específico de discorrer se os cristãos não judeus deveriam ou não se circuncidar.

Neste artigo, discorreremos e daremos maior ênfase ao Concílio de Nicéia II, visto que foi neste Concílio que houve a aprovação ao culto às imagens e relíquias. Também avaliaremos o que a Bíblia diz sobre esse assunto em questão.

Assim, convido você, para juntos percorrermos a história da Igreja e a Bíblia, o manual de vida dos cristãos!

  1. INVESTIGANDO PARA DESCOBRIR


Ao investigarmos a história da igreja veremos a realização de concílios ecumênicos para resolver questões doutrinárias da Igreja Católica (SHINJO, 2017). Foram 21 Concílios Ecumênicos realizados pela igreja.

No que diz respeito ao culto de imagens e relíquias, para haver uma perspectiva única a ser adotada por parte dos cristãos, fez-se necessária uma reunião para tratar do assunto. Assim realizou-se o Concílio de Niceia II (787 d.C.), uma reunião que estabeleceu na Igreja Católica a veneração de imagens e relíquias.

ACONTECIMENTOS ANTERIORES AO CONCÍLIO DE NICEIA II

Durante o Império Bizantino (conhecido também como Império Romano do Oriente, definido como prosseguimento do Império Romano) nos séculos VIII e IX, houve um movimento político-religioso chamado "Iconoclastia", palavra composta pelo radical grego "eikóne"(ícone), que significa "imagem", e por outro radical grego "klastein", que significa "quebrar, romper" (FERNANDES, s.d., n.p).

Assim, esse movimento excluía a veneração de ícones ou imagens.

Então, em 730 d.C., Leão III, um imperador bizantino, defendendo a Iconoclastia, publicou uma lei que visava a proibição da veneração de imagens e também a abolição das mesmas, por esse motivo houve o aniquilamento de milhares de ícones, contudo essa prática cessou "em meados do século IX" (PASSEI DIRETO, s.d, p. 2).

Em 754 d.C. houve o Concílio de Hieria, sustentado por Constantino V, filho de Leão III. Este concílio aprovou a Iconoclastia (movimento político-religioso que reunia pessoas que eram contra a adoração de imagens), mas sem a participação da Igreja Ocidental, motivo pelo o qual não se efetuou a aprovação dos "papas, provocando um novo cisma" (PASSEI DIRETO, s.d., p. 2).


  1. CONCÍLIO DE NICEIA II

Em 787 d.C. a Imperatriz Irene, esposa de Leão IV, ansiando reparar o culto de ícones ou imagens, solicitou o Segundo Concílio de Niceia.

No dia 24 de setembro de 787 d.C. houve uma reunião em Niceia, capital do Império de Niceia, estando presentes cerca de 350 eclesiásticos (MILLER, 2017) com o propósito de discutir sobre a adoração de imagens.

Neste segundo concílio em Niceia, composto por oito sessões, foi aprovado a veneração de imagens e relíquias. Assim, na sétima sessão ficou definido através da declaração de fé:


  • Deveriam ser expostas imagens, esculturas e pinturas veneráveis.

  • Exigiram que as imagens fossem colocadas no caminho do fiéis.

  • E precisariam expor as imagens e esculturas em suas casas.


Também ficou determinado que relíquias deveriam ser incluídas nos altares.


  1. VISÃO DA IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA SOBRE O CULTO DE IMAGENS E RELÍQUIAS


Para a Igreja Católica Apostólica Romana há três tipos de culto:


  • O de Latria: Equivale a adoração e é devida unicamente a Deus;

  • Dulia: Corresponde a veneração, honra, devida aos santos, às suas imagens e às relíquias que os retratam;

  • Hiperdulia: Equivale a um culto acima da honra e veneração, porém não chega a ser a adoração, que é apropriada somente para Deus; é, portanto, um culto devido especialmente à Virgem Maria.


Diferenciando veneração e adoração.


As palavras adoração e veneração são difíceis de distinguir. Shedd (1991, p. 17) diz o seguinte sobre adoração:


Sendo assim a palavra "adorar", entre cinco mil termos relacionados com o culto. Originalmente significa "beijar". Entre os gregos era um termo técnico que significava "adorar os deuses", dobrando os joelhos ou prostrando-se. Beijar a terra ou a imagem, em sinal de adoração, acompanhava o ato de prostrar-se no chão. Colocar-se nessa posição comunicava a ideia básica de submissão. O gesto de curvar-se diante de uma pessoa e ir até o ponto de beijar seus pés, quer dizer: "Reconheço a minha inferioridade e a sua superioridade; coloco-me à sua inteira disposição".


Pode-se considerar que adorar a Deus significa render-se, entregar-se totalmente a Ele.

Já a palavra venerar, segundo o Dicionário da Bíblia Almeida (2005, p. 305) significa "respeito", no sentido de honra, dando como exemplo o versículo de Hebreus 13.4: "Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros".


O que a Bíblia diz sobre adoração de imagens e relíquias


  • Ao observarmos a nação israelita na Bíblia, entendemos que Deus deu o primeiro passo mostrando-se a Israel com o fim de torná-la sua propriedade peculiar dentre todos os povos (Êxodo 19.1-6). Por isso, Deus estabeleceu uma aliança condicional com esse povo baseada em leis que deveriam ser obedecidas.


  • As leis básicas dessa aliança estão no que denominamos "Os Dez Mandamentos" ou "Decálogo" que são princípios morais, uns referentes ao relacionamento individual com Deus (Êxodo 20.2-11) e outros referentes ao relacionamento com as pessoas (Êxodo 20.12-17).


  • Essa aliança possui uma exigência fundamental de culto único e exclusivamente ao Senhor: "Não terás outros deuses diante de mim" (Êxodo 20.3). Deparamos com a proibição de produção de imagens com o propósito de culto, pois a prática de criar imagens com o objetivo de adoração era parte elementar dos cultos pagãos; observa-se também a proibição de fabricação de imagem do próprio Deus (Êxodo 20.4-6; Deuteronômio 4.15-19).


Consideramos que "Os Dez Mandamentos" são princípios de vida não unicamente para o povo de Israel, mas para os servos de Deus de todas as épocas, pois fora o quarto mandamento: "Lembra-te do sábado, para o santificar" (Êxodo 20.8), todos os outros são ressaltados e doutrinados no Novo Testamento.

Assim, a igreja de Cristo deve cultuar unicamente a Deus sem a intervenção de quaisquer objetos, visto que devemos ir a Deus diretamente e inteiramente.


Examinemos minuciosamente mais duas passagens da Bíblia sobre o assunto em questão:

1. Salmos 115: Nesse Salmo o poeta louva o nome do Senhor por reconhecer que o seu nome está intimamente ligado à sua pessoa e expressa o seu caráter. Assim, o salmista reconhece que somente Deus é digno de louvor, adoração e honra e, por outro lado, os ídolos das nações vizinhas de Israel não tem poder algum. O salmista enfatiza que os ídolos são ridicularizados: "Prata e ouro são os ídolos deles, obra das mãos de homens. Têm boca e não falam; têm olhos e não vêem; têm ouvidos e não ouvem; têm nariz e não cheiram. Suas mãos não apalpam; seus pés não andam; som nenhum lhes sai da garganta" (Salmos 115.4-7).

2. Isaías 44.9: Em Isaías 44, o profeta enfatiza a loucura da adoração de ídolos. Ele demonstra que as pessoas que fabricam imagens esculpidas são vazias, vaidosas e estultas, e os que adoram ídolos serão envergonhados: "Todos os artífices de imagens de escultura são nada, e as suas coisas preferidas são de nenhum préstimo; eles mesmos são testemunhas de que elas nada vêem, nem entendem, para que eles sejam confundidos".


Considerações Finais

Deus esclarece bem na sua Palavra que somente Ele é digno de adoração, portanto devemos prestar culto unicamente a Ele.

A veneração aos santos, às suas imagens e relíquias (Culto de Dulia) e o culto a Virgem Maria (Culto de Hiperdulia) contradiz completamente a Palavra de Deus, pois somente Ele é digno de ser adorado e cultuado: "Ao Senhor, teu Deus, adorarás, e só a ele darás culto" (Mateus 4.10).


A Bíblia diz que devemos respeitar e honrar quem merece: "Pagai a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra" (Romanos 13.7, grifo nosso), mas não nos ensina que devemos cultuar pessoas. Alguns dicionários trazem as palavras adoração e veneração como sinônimas, possuem sentidos quase semelhantes. Porém, ainda que diferenciemos ambas, somente Deus deve ser adorado e cultuado.


Os versículos a seguir comprovam que somente Deus pode e deve ser adorado!


  1. "Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos" (Êxodo 20.4-6).

  2. "Nada se compara a Ele: A quem, pois, me comparareis para que eu lhe seja igual? - diz o Santo" (Isaías 40.25).

  3. "Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (1 Timóteo 2.5).


A Igreja Católica Apostólica Romana utiliza-se da ordenança de Deus para a construção da Arca da Aliança e dos querubins na tampa da mesma (Êxodo 25.10-22) e também da serpente de bronze que Deus deu ordem para Moisés levantar depois que o povo murmurou, falou contra aquele e este (Números 21.4-9) para justificar o culto de imagens e relíquias.

Porém, Deus não fez tais ordenanças com o propósito de culto a estes objetos. O próprio Deus proíbe intensamente a produção de imagens ou de qualquer figura com o propósito de assemelhar-se à Ele e com o propósito de veneração: "Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.

Segundo o dicionário bíblico, a palavra ídolo vem do grego eidólon, que significa "imagem". É, pois, uma representação da divindade, de que se faz objeto de culto, usurpando essa imagem o lugar de Deus, e recebendo a adoração ou o culto que só a Ele é devido" (DICIONÁRIO BÍBLICO, 2016).

O próprio Deus nos proíbe de fazer qualquer imagem com o propósito de cultuar, venerar e adorar, pois unicamente Ele é digno dessas coisas.

A Bíblia diz: "Porquanto há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem" (1 Timóteo 2.5). Somente há salvação em Jesus e nossas orações devem ser dirigidas só ao Senhor.

Jesus, sendo plenamente Deus e plenamente homem, se identificou conosco: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" (João 1.14). Tendo se identificado conosco, Jesus nos compreende e intercede por nós junto ao Pai: "Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós" (Romanos 8.34). Cristo é o nosso representante perante o Pai.

Deus não divide a sua glória com ninguém, por isso, a adoração e veneração de imagens e relíquias são abomináveis aos seus olhos.

Não podemos depositar nossa esperança e fé em pessoas, coisas ou circunstâncias, mas somente no Único Deus verdadeiro. Só Deus é digno de ser adorado, venerado e cultuado. Só o Senhor é Deus!


"Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura" (Isaías 42.8).

"Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois a glória eternamente" (Romanos 11.36).


Bibliografia

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